Neurodiversidade se refere às variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo em relação à sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas. Em vez de ver o autismo como um transtorno, usa o termo “neurodiverso” para reconhecer as ricas diferenças, habilidades e forças que as pessoas com autismo e outros neurodiversos têm. O movimento da neurodiversidade se concentra em promover a inclusão total de indivíduos neurodiversos e seus direitos individuais de serem aceitos como são.
Em uma Revisão de 2016, alguns pesquisadores descreveram o autismo como uma variante humana com vantagens extremas. Em vez de ver o autismo como um distúrbio que precisa ser consertado, eles veem o autismo como uma característica humana, como ter cabelo castanho ou ser canhoto. Ser neurodiverso significa simplesmente ter um cérebro com conexões diferentes.
História da Neurodiversidade
O termo “neurodiversidade” se estruturou, teoricamente, no final dos anos 90 por intermédio de uma socióloga chamada Judy Singer que, junto com o jornalista Harvey Blume, foi responsável por popularizar o conceito. Singer, que se descreveu como inserida “provavelmente em algum lugar do espectro autista”, usou o termo em sua tese de sociologia publicada em 1999. A cientista social mantinha contato com Blume e, embora ele não tenha dado crédito a ela, a palavra apareceu pela primeira vez em um artigo do jornalista na revista The Atlantic, em setembro de 1998.
A Neurodiversidade surgiu como uma teoria marginal, contrapondo-se à visão predominante de que os transtornos do neurodesenvolvimento são inerentemente patológicos, como no modelo médico da deficiência. Em vez disso, a neurodiversidade adota o modelo social da deficiência, no qual as barreiras sociais são o principal fator que restringem as pessoas com essas dificuldades.
Mesmo com fortes críticas de diversos segmentos contrários a nova abordagem, o movimento pela neurodiversidade ganhou adeptos em todos os lugares e impactou diretamente à forma pela qual o autismo é encarado hoje. Nos EUA, o grupo de trabalho e os editores do DSM-5 (o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais), que contou com a participação de autistas em sua elaboração, aprovou o Transtorno do Espectro Autista, a definição nova e abrangente de autismo, que entrou em vigor em maio de 2013.
Em 2015, o livro “Neurotribes: The Legacy of Autism and the Future of Neurodiversity”,do jornalista Steve Silberman, foi a primeira obra a abordar a história do autismo. A publicação foi um sucesso e a sua abordagem pró-neurodiversidade deu mais popularidade ao movimento. No início do ano seguinte, o livro “In a Different Key” (“Outra Sintonia”, na versão brasileira), também sobre a história do autismo, foi lançado com críticas ao movimento da neurodiversidade.
Apesar das polêmicas e de todas as críticas, a neurodiversidade ganhou a comunidade do autismo de forma que, em 2020, elementos do movimento estavam por toda a parte. Em fevereiro daquele ano, a polêmica revista norte-americana Autism Speaks anunciou uma nova identidade visual com várias cores, e chegou a atender à reivindicação de autistas para usar a expressão “pessoas autistas” em vez de “pessoas com autismo”.
Potenciais das Pessoas Neurodiversas
As pessoas Neurodiversas têm muitas habilidades. Cada indivíduo tem seus próprios pontos fortes e características únicas, que podem ser reconhecidas e celebradas.
Por exemplo, alguns de seus pontos fortes podem ser:
- ser capaz de abordar as situações de forma diferente e pensar “fora da caixinha”
- fortes habilidades com sistemas, como programação de computadores, matemática, história
- criatividade
- nenhuma pressão para se conformar às normas sociais que podem não ir ao lado de sua própria ideia pessoal de felicidade
- habilidades musicais
- atenção aos detalhes acima da média
- fortes habilidades visuais-espaciais
- habilidades com cuidados de animais, em arte e design.
É importante reconhecer as diferentes habilidades e forças que as pessoas neurodiversas possuem. Há muitas maneiras de ver o autismo, portanto, descobrir novas perspectivas e teorias pode ajudar a ver o autismo sob uma nova luz.
Texto construído a partir de informações recolhidas nas seguintes fontes:
– Reportagem em parceria entre o podcast “Introvertendo” e o portal “O Mundo Autista”, denominada Tudo o que você precisa saber sobre Neurodiversidade e Autismo, assinada por Victor Mendonça e Tiago Abreu
– O que é Diversidade, publicação do site do Instituto Inclusão Brasil– Wikipédia, a enciclopédia livre.
Uma resposta
Adorei ler essas informações. Precisamos falar sobre isso! Neurodiversidade é pauta atual e fundamental ☺️